Santa Cristina de Posse, Braga, Portugal 1925 – Goiânia,GO 2010
Chegou criança de colo ao Brasil. Morou em São Paulo, em Minas Gerais e entre os índios Carajás na Ilha do Bananal. Depois, fixou-se definitivamente em Goiânia , GO, em 1955. Trabalhou como padeiro, cozinheiro e faxineiro antes de iniciar-se na arte do barro em Araguari, junto ao pai, o ceramista Américo de Souza, que fazia potes e outros utensílios domésticos. Foi assim que o apelido Poteiro se juntou ao seu nome. Da destreza em confeccionar potes surgiu o desejo de dar outras formas à matéria: a escultura. Poteiro esculpe santos, grandes urnas com relevos, animais associados ao sagrado , sonhos geradores de humanidade. Raras vezes o casamento de uma arte da terra com temas da criação do mundo encontrou intérprete tão extraordinário como ele. “ Há na sua obra uma teatralidade barroca”, escreve a crítica Aline Figueiredo. Aliás grande parte de sua temática é religiosa. Em 1973, animado por Siron Franco, iniciou-se na pintura, pintando diretamente sobre a tela, sem desenho prévio, de maneira dramática e usando as cores primárias com magistral equilíbrio. À sua preocupação religiosa soma-se em muitas instâncias um sentido de crítica política: em uma de suas “Últimas Ceias”, por exemplo, a decoração da mesa é feita com notas de dólar e libra. “Na pintura”, declara em entrevista de 1977 a Frederico Morais ”eu uso os mesmos temas da cerâmica: Deus-único, Deus-balança, um punhado de santos, temas regionais, as cavalhadas, cirandas, tudo com um pouco de fantástico saído da minha cabeça”. Sua obra, embora numerosa , mantém um alto nível de realização, que o situa entre os artistas de maior importância no país. Ganhou projeção internacional: participou por duas vezes da Bienal de São Paulo (1981,1991) , expôs em mais de 20 países e recebeu inúmeros prêmios com amplo reconhecimento da crítica.